Tom Hanks e Steven Spielberg retomam a parceria em um filme cujo título nunca fez tanto sentido.
Ponte dos Espiões conta a história de James Donovan (Tom Hanks), um advogado securitário que foi responsável por negociar a troca do piloto americano Francis Gary Powers (Austin Stowell) pelo espião russo Rudolf Abel (Mark Rylance) durante a Guerra Fria.
Eu sou completamente suspeita ao falar de Steven Spielberg, afinal trata-se do meu cineasta favorito. Mas, não é por menos. Spielberg é um dos grandes mestres do cinema (Jurassic Park, Indiana Jones, A.I., E.T.) Tanto a direção do filme quanto sua fotografia são semelhantes a outra obra de Steven, Cavalo de Guerra, que, um caso à parte, é maravilhoso. Sendo assim, se ainda não o assistiu, não perca mais tempo.
Baseado em uma história real, o roteiro dos irmãos Ethan e Joel Coen e Matt Charman é bem desenvolvido, além de apreensivo, mesmo tratando-se de acontecimentos verídicos. Porém, o meio da trama torna-se extenso e sonolento.
A filmografia de Tom Hanks é repleta de papéis memoráveis (O Resgate do Soldado Ryan, Náufrago, Forest Gump, Quero ser Grande), e seu desempenho como James Donovan não fica por menos. Hanks interpreta Donovan de modo excepcional. Outro ator que também deve ser elogiado é Mark Rylance, que representa Coronel Abel com graça e maestria.
Título original: Bridge of Spies
Diretor: Steven Spielberg
Ano: 2015
Duração: 141 min
Distribuidor: Fox Film do Brasil
Elenco: Tom Hanks, Mark Rylance, Amy Ryan, Austin Stowell, Alan Alda
Ponte dos Espiões marca o retorno de Steven Spielberg à boa forma e ao modo mais gostoso de se fazer cinema: com criatividade e amor pela arte. Como sempre, Hanks traz sutilezas em sua atuação. O personagem nos cativa, provoca empatia imediata graças a naturalidade do talento do ator para trazer Donovan à vida. Mark Rylance (do óptimo Dunkirk) faz um Rudolf Abel que não se permite em momento algum sair da personagem ambígua que lhe é proposta, ocasionando uma performance magistral, à prova de qualquer aforismo sentimental que pudesse atrapalhá- lo em seu trabalho, sem deixar de lado um comportamento espirituoso e muito carismático. O trabalho de cores, em que predominam o cinza e o grafite, salienta a dubiedade do caráter geral do mundo. Ponte dos Espiões levanta uma questão muito importante: a necessidade de se fazer a coisa certa, mesmo sabendo que isso vai contra interesses políticos ou de algum grupo dominante. A história aqui contada é baseada em fatos reais, mas remete também ao caso recente do ex-administrador de sistemas da CIA que denunciou o esquema de espionagem do governo americano em 2013 e foi tratado como um traidor, mesmo que tenha tido a atitude correta. É uma crítica clara à hipocrisia norte-americana, que trabalha sempre com dois pesos e duas medidas em se tratando de assuntos como esse.
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